Capítulo novo, como sempre, boa leitura!
Capítulo 14 – Segredo militar
Ao subir no navio, um Speedster de aço e madeira dos tritões, me escondi o melhor possível entre sacos de suprimentos e caixas de armamentos.
Olhei para minhas mãos e as membranas entre meus dedos se contraíram e se escondiam entre meus dedos, ainda mais rápido que antes. A velocidade de minhas transformações aumentava, mas toda vez que me transformava, a dor era sempre um pouco mais forte. Agachado, olhei pela lateral do navio e vi que ele se distanciava rapidamente da costa, sem ser seguido por nenhum outro navio. Ainda escondido, circulei por entre os mantimentos, e cheguei próximo de uma cabine. Entrei bem rápido e lá dentro pude me esticar um pouco. Havia uma pequena janela de vidro, e dela pude ver que alguns soldados tratavam os ferimentos uns dos outros. Por mais que os dragões fossem fortes, ainda sim o combate na praia foi demais. De onde eram aqueles soldados todos, podia jurar que era um batalhão inteiro para resgatar Zagat. E quem é ele? Até pouco tempo atrás para mim ele era apenas um viajante, um ladrão, algo do tipo com seu bando, mas depois de ver toda aquela mobilização na praia para resgatá-lo tenho minhas dúvidas.
Olhei em todos os cantos, dentro de uma pequena cômoda encontrei fardas negras, de dragões. Nostálgico. Vesti-as como quem veste uma roupa que está guardada há muito, e olhei-me em um espelho pequeno na cabine. Refletido no espelho estava alguém que eu não via há muito tempo: era eu, humano. Sem orelhas pontudas, sem a audição aguçada, sem nada de elfo.
Não podia ser a cura, mas aquele breve momento me deixou feliz. A última vez que me vi dessa maneira havia sido há muito tempo, em Balthor. E naquela época, havia deixado de ser um dragão de fogo. Era como se as coisas voltassem ao normal.
Em um armário achei ataduras. Olhei-me no espelho e enfaixei meu rosto o melhor que pude, de modo que apenas meus olhos e uma parte da cabeça ficassem visíveis. Seja lá o que vissem, pensariam apenas que eu havia lutado em terra, e com sorte não me reconheceriam.
Desmontei meu rifle e coloquei na bolsa. Após puxar o ar umas duas vezes, criei coragem para sair da cabine. Minha bolsa era uma bolsa bem comum, então não chamava atenção. A confusão na proa do navio era ainda bem grande; eram tantos feridos que a enfermaria do navio estava cheia. Não havia apenas dragões de fogo no navio, mas havia também alguns soldados comuns, e eles atendiam a toadas as ordens dos dragões. Andei por um corredor lateral, entrei no navio por um corredor e subi umas escadas. Um ou outro soldado passou do meu lado, mas não me reconheceu. Cheguei a uma sala aberta onde havia uma mesa grande de reuniões e visão da proa. Na mesa estava estendido um mapa militar, com algumas demarcações. O mapa era diferente do meu, maior e com menos detalhes. Não havia a entrada para Kwanakur. Não havia a ilha de Kain. Mas entre as demarcações estavam Aldebaran, Azura, Horum, Heldekin, Ur e Vingarion. Aldebaran, Azura, Ur, Vingarion e Horum estavam marcados em vermelho. Heldekin em preto. Havia também um jornal, meio aberto e amassado. Precisei me sentar para ler a manchete sem surtar. A manchete dizia:
“Os ataques continuam. As cidades se moblilizam. Vinagarion declara guerra à Gamatal”
A notícia continuava:
“Autoridades confirmam ataques a Ur e terroristas humanos em Vingarion. As cidades de Aldebaran e Azura acusam os elfos de ataques violentos e terrorismo. Aldebaran teve sua estação central de polícia totalmente destruída e testemunhas acusam um elfo pela destruição”
- Feliz agora, dragão? – Uma voz veio detrás de mim. Olhei para trás. Não podia ser melhor, era Hawthorne.
Conheça o mundo de Altarion – Hawthorne
Segundo Zagat, Hawthorne foi encontrado desmemoriado na praia de Azura. Estava com quase nada, exceto um rifle de combate e uma placa pendurada no pescoço com seu nome. Entrou no bando de Zagat e ficou nele por um mês, até sumir no caminho para Aldebaran, logo após Zagat ser preso. Nesse tempo, Hawthorne confeccionou para si uma mascara de aço, lisa com fendas apenas para os olhos. Dizia ele, que “se eu não conheço o mundo, o mundo não tem direito de me conhecer”.
Próximo capítulo: Naufrágio!
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